
Algures pela cidade vagueiam os que fazem da vida um campo de batalha. Os que conseguem sempre arranjar um inimigo, os que vêm por todo o lado um inimigo. Esses que perseguem as sombras, que espreitam a cada esquina, que gritam, que lutam limitados pela capacidade de pensar. Que não pensam senão em lutar, que calçam as luvas de boxe a cada gesto, a cada palavra, a cada conversa, em casa ou na rua. Fazem da luta um estilo de vida, desgastando-se e desgastando os outros.
Fazer da vida um campo de batalha não parece um projecto existencial de grande qualidade para eles nem para mim que aprecio, cada vez mais, o prazer suave e tranquilo dum fim de tarde ou a alegria duma gargalhada com os amigos.